4 de dez. de 2011

Moralidade: Cultural ou natural?

Não nasci ruminando o Imperativo categórico e é por isso que meus neurônios sempre entram em conflito quando paro pra pensar no que é ético, moral e imoral, o que devo e o que não devo fazer. Não coloco a mão no fogo porque sei que ele queima, tento não comer em excesso, pois sei que excessos fazem mal, nem sempre falo o que penso por ter crescido ouvindo minha mãe repetir o conceito de Aristóteles que o homem é um animal político, portanto, incapaz de sobreviver sem os outros “animais”.

Nascemos, crescemos e morremos. É o ciclo. Entre esses ciclos acontece o que chamamos de vida. Enfiam-nos milhões de conceitos e regras. Simples assim, aprendemos a ser gente por ter muita gente tentando ser gente.

A moralidade sempre será uma ferida com características próprias, e o pior, ela é crônica. Há alguém pra colocar o dedo, pra dizer como ela deve ser tratada e vista. O grande problema é que os vários conceitos não são suficientes para defini-la de forma clara.

O aprendizado se acumula dentro da cabeça como a poeira. Ouvimos as teorias de Kant, Platão e Aristóteles o tempo todo, e às vezes fica pesado, é difícil sair por aí como cópias ambulantes do homem ideal e transcendente.

Só sei o que é certo ou errado por ter várias bocas repetindo aos meus dois ouvidos sobre a forma que devo agir, tratar as pessoas, enfim, como devo viver.

Seria simples se a moral funcionasse como a maça funcionou pra Eva. Uma mordida para o entendimento, o que nem sempre é bom.

Outro dia ouvi uma conversa na qual diziam que a ignorância traz felicidade. Será? De certo modo não me cobrarei o que desconheço. Olhando por esse ângulo notei a validade dessa colocação.

A moral como algo natural/inata me causa grande estranhamento. Uma criança aprende com a punição, com os nãos, com a dor. Ela não nasce com os gostos e com as experiências.

A verdade é que vão nos enfiando a vida e seus conceitos boca à dentro, ninguém nasce pessoa. Os nossos conceitos são paridos quando todo o aglomerado de células pode ser chamado de homem e aí só nos restará organizar os gostos e as informações olhando-as do ângulo mais confortável possível.

18 de nov. de 2011

O palhaço, de Selton Mello


Uma lenda antiga prega que o palhaço, quando não está em cena, é um sujeito triste. O personagem Benjamim, do filme O palhaço, interpretado por Selton Mello (que também dirige a produção) vivencia um drama diferente: ele suspeita que perdeu a graça em seus números. Sinal dos tempos, do avanço tecnológico e das várias formas de entretenimento do mundo virtual? Os dias de picadeiro estariam contados?

Não necessariamente é esta a questão posta em O palhaço, ainda que o filme nos conduza a fazer esta reflexão diametralmente. O grande foco do filme é a crise de identidade do palhaço Benjamim. Dilema este que funciona como camuflagem de um conflito psicológico maior, certamente vivenciado por todos nós em algum momento da vida: a falta de rumo. O que eu quero ser? Qual profissão seguir? É possível conciliar talento e autorrealização? A dúvida somente é dirimida quando nos arriscamos, quando partimos pelo mundo tateando o desconhecido, mesmo que não dê em nada. Muitos vão e se descobrem. Outros voltam para o ninho.

O jovem Benjamim é vacilante, ingênuo e sonhador. Titubeia entre continuar a vida imutável de circo ou se lançar para a experiência do mundo. Seu objeto de desejo é um simples ventilador para refrescá-lo no camarim. O seu oposto é o próprio pai, o experiente palhaço Valdemar (Paulo José), com quem contracena nos espetáculos. O destino de Valdemar já está traçado: será eternamente o palhaço Puro Sangue, como é conhecido, de um circo quase falido. Ele é a figura do conformismo.

O filme de Selton Mello retrata a vida de uma trupe que rasga o Brasil fazendo espetáculos circenses em cidadezinhas interioranas. O diretor usa o humor singelo para mascarar os dramas pessoais de cada personagem, quais sejam, o determinismo de suas vidas e a tristeza com a rotina desprovida de perspectivas. O palhaço pode ser dividido em dois atos: os percalços ocorridos nas viagens da trupe; e a fuga de Benjamim em busca de uma vida diferente.

A primeira parte, mais irreverente, retrata as viagens do grupo pelas estradas do interior. A quebra de um caminhão do circo conduz os atores a passar por situações inusitadas. Eles saem em busca de socorro e acabam encontrando uma exótica dupla de mecânicos, irmãos, primorosamente interpretada por Tonico Pereira. Aliás, as participações especiais são um espetáculo à parte. Moacyr Franco também não fica atrás ao interpretar um estranho delegado, mais preocupado com a saúde do seu gato do que com a própria mulher.

A irreverência do grupo é também sinônimo de esperteza. Em várias situações o grupo é obrigado a apelar para o suborno para se safar de algum aperto. Outra artimanha utilizada pela trupe é massagear o ego dos prefeitos das cidades pelas quais o circo passa, a fim de obter aplauso dos espectadores e, por que não?, algum "benefício" - nem que seja um simples jantar.

A segunda parte do filme narra a partida de Benjamim, como o Ulisses da Odisseia, para realizar seus sonhos: trabalhar, conquistar uma garota, providenciar a emissão de documento de identidade, e... comprar o tal ventilador. Nesse momento, o filme "fecha o foco" no personagem Benjamim e nas suas cabeçadas pelo mundo, revelando suas fragilidades, emoções e decepções.

A Estética e as influências

Vários detalhes técnicos utilizados por Selton Mello contribuem para a plasticidade irreverente de O palhaço - o que revela a habilidade do diretor (com o diretor de fotografia, claro) em ilustrar as cenas. Selton Mello carrega na tinta dos seus personagens, dando-os vida própria. Os atores mais parecem uma grande colagem; são mais coloridos que o cenário no qual estão inseridos, dando um tom fantasioso ao filme.

As imagens feitas do interior de uma Veraneio, quando em movimento, remetem ao velho artifício dos estúdios americanos, quando não existia a tecnologia dos efeitos especiais: o carro (num tom de cor mais forte) balança, enquanto a paisagem (descorada) corre ao fundo, como se fosse um rolo de imagens contínuo.

Nas filmagens, Selton Mello faz os movimentos de câmera partirem do universal para o particular, focalizando ao fim o perfil dos personagens, tentando captar a emoção em cada semblante. O espectador atento não pode deixar de reparar o belo travelling realizado na última cena do filme, acompanhando os passos de uma garotinha.

Não há como, no meio cinematográfico, diante dos milhares de filmes produzidos ao logo dos anos, deixar de apontar (ou especular sobre) algumas influências em O palhaço. O trajeto do grupo na Veraneio, em busca de socorro para o caminhão quebrado, é filmado num campo aberto, com a câmera fixa. O carro atravessa o plano da tela, de um lado para o outro, por várias vezes, lembrando as seqüências de Uma vida iluminada(2003), de Liev Schreiber. A garotinha loira, acenando no vidro traseiro do carro, inevitavelmente nos leva à Giulietta Masina, na cena de despedida em A estrada da vida (Fellini, 1954).

O palhaço remete a uma série de filmes. Difícil não lembrar de Bye Bye Brazil (Cacá Diegues, 1979) - também uma trupe que percorre o Brasil apresentando um espetáculo teatral. O filme de Selton Mello também é herdeiro de Shazan, Xerife & Cia, uma série antiga, já considerada cult, exibida no início dos anos 70 e protagonizada também por Paulo José. Há também ecos do cinema recente em O palhaço. As situações inusitadas (principalmente nas cenas com Tonico Pereira e Moacyr Franco) remetem a O cheiro do ralo (Heitor Dhalia, 2007).

O ponto fraco do filme de Selton Mello é a velocidade alucinante dos diálogos em alguns esquetes - principalmente nos "bate-bolas" entre Benjamim e Valdemar. Os diálogos são tão rápidos que se torna difícil acompanhá-los. O cinema brasileiro infelizmente assumiu, em muitos filmes, a influência do Guel Arraes de O auto da compadecida(2000). Os diálogos ágeis funcionaram muito naquele formato, mas vêm sendo repetidos exaustivamente em muitas produções brasileiras. É a mesma agilidade largamente utilizada como artifício de humor nos programas de tevê, que poderia muito bem ser abandonada no cinema.

O Diretor

Selton Mello fez dois filmes, diametralmente opostos em conteúdo, temática e estilo. Fazendo uma analogia barata, pode-se afirmar que ele fez o "côncavo" e o "convexo". Poderíamos dizer que O palhaço é o seu filme "convexo", que parte do interior (o circo e sua trupe) para o mundo. Seus personagens querem ser vistos, dialogam com o meio externo de forma irreverente, apesar de seus dilemas e da miséria material da vida circense. Já o primeiro filme do diretor, Feliz Natal (2008), é o filme "côncavo", fechado em si, cujo tempo narrativo é curto: a história se passa praticamente dentro de uma família, numa noite de natal. Feliz natal retira a máscara familiar, revelando conflitos há anos adormecidos em seus membros. Escancara a inveja e a melancolia de uma família com muitas contas a acertar. Tudo o que a polidez disfarça é desvendado ali.

Nota-se que Selton Mello, além de competente ator, é um observador atento do cinema - matéria-prima para uma carreira longeva de diretor. O palhaço e Feliz natal revelam habilidades de quem acompanha - e aprende com - bons cineastas. Parece que Selton absorveu um pouco da experiência dos diretores com os quais trabalhou como ator. Seus personagens de O cheiro do ralo e Auto da compadecida influenciaram a direção de O palhaço. Já o Selton Mello de Lavoura arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001), talvez sua melhor atuação, influenciou o diretor de Feliz natal.

O palhaço é certamente uma boa novidade para o cinema brasileiro, principalmente por não abordar temas recorrentes com os quais já nos acostumamos, como violência, pobreza, favela, carnaval, sertão; e as comédias televisivas transpostas para o cinema. Resgatar o circo, apresentar essa importante arte à nova geração (a "geração gadgets") já é algo a se comemorar. O palhaço é um filme universal pela sua singeleza. Talvez ele consiga um difícil feito: aliar qualidade e popularidade.

por Wellington Machado

14 de nov. de 2011

Você tem o direito de não amar uma mulher


"Eu também faço parte do grupo dos fracos, imbecis, endividados e viciados em remédios para dormir"

Um belo dia, uma amiga fala de mim para esse senhor. Algo como “a Tati é legal”. Esse senhor me manda uma mensagem pelo Facebook dizendo ser muito amigo da amiga em comum e, simpático, elogia meus textos. Poxa, é um senhor simpático, amigo de uma amiga, interessado pelo meu trabalho, não vou ser escrota e não aceitá-lo em meu Facebook. Esse senhor me convida para jantar. Veja, gosto de rapazes da minha idade ou de senhores que se parecem com rapazes da minha idade. Esse senhor é careca e velho. Não quero nada com ele. Digo “Poxa, vamos deixar para ano que vem… caso seja bissexto” com simpatia na primeira, na segunda e na terceira vezes. Na quarta, mando um “Não quero jantar com você”. Ele então me escreve uma longa mensagem na qual me chama de:

1) metida,

2) arrogante,

3) nojenta,

4) escrota.

Deleto esse senhor do meu Facebook. E me recordo dos últimos 200 rapazes que se comportaram igualmente psicopatas e ridículos ao receber um “Não, obrigada” de minha pessoa. Penso em escrever um texto detonando essas espécies abomináveis que não sabem perder. Mas eis que me recordo de também fazer parte do grupo “paulistanos-publicitários-infantilizados-problemáticos” que não sabem perder. Estamos aos montes por aí — nos barzinhos modernetes da pesada, ganhando dinheiro para vender historinhas de merda que fazem os bancos emocionarem donas de casa, viajando a Paris pra passar só três dias apenas porque deu em nossas telhas. Somos fracos, imbecis, endividados e viciados em remédio pra dormir. Em agosto do ano passado, conheci esse rapaz lindo. Depois de um mês e quatro dias, ele me chutou. Com dignidade: me levou para jantar e discursou sobre sua incapacidade de amar — ainda mais uma mulher maravilhosa e incrível como eu. Também fui digna. Somente ouvi tudo e fui pra casa.Desde então, porém, ao encontrá-lo em festas, reuniões ou redes sociais, sempre dou um jeito de comunicá-lo sobre sua ignorância em não me querer. Se não me queria, para que dizer todas aquelas coisas fofas? Se não me queria, por que tantas juras de amor e conchinhas e quentinhos e trocas e momentos lindos? E isso e aquilo e mais um pouco. Hoje em dia, ele, com razão, muda de calçada ao me ver. Não tem nada mais deprê do que cobrar sentimentos do outro. Dá mesmo raiva quando alguém não gosta da gente, mas querer que a pessoa também sinta raiva de si mesma por não gostar da gente é doença. O desgraçado tem o direito de não gostar de mim, assim como tenho o direito de não curtir o tio careca. No entanto, no fundo, bem no fundo, uma vozinha grita: “Direito o cacete! Não sou uma tia careca. Sou legal, bonita!” E quase tenho de me controlar pra não largar este texto na metade e ligar pra dizer que o desgraçado é:

1) metido,

2) arrogante,

3) nojento,

4) escroto.

Com tantas evoluções espirituais, científicas, psiquiátricas, físicas e econômicas, só ficamos mais egocêntricos e infelizes. A verdade é:

1) tio careca, você é um babaca de pensar que eu tenho a obrigação de gostar de você;
2) rapaz que me deu um fora em agosto do ano passado, você é um babaca por não gostar de mim;
3) pelo menos na babaquice, fazemos um belo triângulo amoroso.

Tati Bernadi

6 de set. de 2011

Doar sangue salva vidas além da transfusão

  • Passeando pelo Portal da Saúde vimos uma notícia bem interessante, e abordagens interessantes são sempre bem vindas.


Milhares de pessoas dependem de medicamentos produzidos a partir do plasma. A produção de hemoderivados significa um melhor aproveitamento do sangue doado
A doação de sangue é um gesto solidário que ajuda a salvar a vida de milhões de brasileiros todos os anos. E não só por meio da transfusão. Além das vítimas de graves acidentes, dos pacientes que irão se submeter a cirurgias delicadas ou que estão com alguma deficiência momentânea no organismo, por exemplo, milhares de cidadãos dependem de medicamentos que são produzidos a partir de um dos componentes do sangue: o plasma, mais especificamente aquele que não chega a ser utilizado no ato transfusional. São os chamados hemoderivados, atualmente 100% importados, mas que em 2014 serão fabricados pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), vinculada ao Ministério da Saúde, na sua unidade fabril que está em construção em Pernambuco.
A produção de hemoderivados significa um melhor aproveitamento deste hemocomponente. Isto porque, após a doação voluntária nos hemocentros, o sangue é dividido em concentrado de hemácias e concentrado de plaquetas, ambos 100% aplicados nas transfusões, e plasma, do qual só se utiliza 30%. Este excedente é o que é enviado para a indústria, a fim de ser transformado em medicamento, portanto, sem prejudicar o ato transfusional. Os derivados do sangue são fundamentais para a sobrevivência de 11,5 mil pessoas com hemofilia e 1,5 mil portadores de imunodeficiências primárias, além de cerca de 50 mil pessoas por ano que apresentem enfermidades que exijam administração de albumina ou imunoglobulina.
Apesar de todos esses benefícios, a doação voluntária de sangue no País ainda é considerada insuficiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, para manter os estoques, é preciso que 4% da população seja doadora regular. No Brasil, este número é pouco menor que 2%. São cerca de 3,6 milhões de doações por ano, resultando em 150 mil litros de plasma com qualidade industrial. Além da sensibilização constante da sociedade, que vem sendo feita pelo Ministério da Saúde, é necessário investir no aumento da quantidade desta matéria-prima. Por isso, a Hemobrás está assinando contratos de incentivo com 120 hemocentros para aperfeiçoar processos de produção, qualificação e armazenagem do plasma nos serviços.
Desde julho, oito unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Paraná, Pernambuco e Bahia já firmaram parceria com a estatal. No primeiro ano de contrato, a Hemobrás espera ampliar em 20% este total de 150 mil litros. Isso será possível graças ao emprego dos recursos na compra de maquinário, manutenção preventiva de equipamentos, contratação de mais profissionais para trabalhar, além da melhoria do controle da qualidade do plasma. Dentro de três anos, a expectativa é atingir 300 mil litros de plasma/ano, volume ideal para que a fábrica em Pernambuco comece a operar, uma vez que sua capacidade chegará ao processamento de 500 mil litros de plasma/ano.
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA - A unidade fabril da Hemobrás garantirá 100% de autossuficiência para o SUS em albumina e fator IX. Promoverá também a autossuficiência total em fator de von Willebrand e o complexo protrombínico. Já para a imunoglobulina, a expectativa é atender, em média, 50% das necessidades do País. Para o fator VIII, a previsão é suprir de 20% a 40% da demanda do SUS. Estes patamares serão atingidos com um processamento de 500 mil litros de plasma por ano.
Saiba mais sobre os produtos da Hemobrás
• Albumina - Utilizada no tratamento de queimados, pessoas com cirrose, pacientes de terapia intensiva, entre outros.
• Complexo protrombínico - Conjunto de proteínas que atua na coagulação e é indicado para pacientes com hemofilias A e B, para o tratamento de hemorragias em pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes e também para cirrose hepática.
• Fator IX - Coagulante utilizado no tratamento de pessoas com hemofilia B.
• Fator VIII - Coagulante utilizado no tratamento de pessoas com hemofilia A.
• Fator de von Willebrand - Proteína de coagulação usada no tratamento da doença de Von Willebrand, tipo de enfermidade que, como na hemofilia, o paciente tem dificuldade para coagular o sangue.
• Imunoglobulina - Hemoderivado de maior consumo no mundo, é usado para o tratamento de pessoas com AIDS e outras deficiências imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas.

30 de jun. de 2011

O motivo do bocejo

É possível uma pessoa bocejar enquanto dorme? Por que o bocejo ocorre? Segundo Matthew R. Ebben, diretor de operações laboratoriais do Center for Sleep Medicine, no NewYork-Presbyterian Hospital/Weill Cornell Medical Center, o bocejo é certamente menos comum durante o sono, mas já foram documentados casos assim.

Quanto ao motivo do bocejo em si, “ele não é inteiramente conhecido”, disse Ebben. “Porém, os dados mais recentes sugerem que ele seja parte de uma reação termorregulatória para ajudar a resfriar o cérebro ao desviar sangue aos músculos faciais, que agem como radiadores e descarregam calor pelo sangue redirecionado”.

Num estudo de caso publicado em 2010 na revista 'Sleep Breath’, foram estudadas duas mulheres com surtos crônicos e debilitantes de bocejos. Mesmo dormindo adequadamente, elas sofriam ataques diurnos frequentes, tão intensos que chegavam a causar lacrimação e coriza.

As duas mulheres descobriram que podiam aliviar ou adiar os sintomas realizando respiração nasal ou aplicando panos frios na testa. Uma mulher descobriu ser possível parar um ataque tomando um banho frio, ou nadando em água fria. A outra mulher descobriu que, após seus ataques, experimentava uma queda de meio grau na temperatura oral.

Segundo os pesquisadores, os resultados foram consistentes com evidências vinculando o excesso de bocejos a desequilíbrios de temperatura, em vez dos níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue ou algum tipo de distúrbio do sono.

21 de jun. de 2011

Doação de Medula óssea - Salve uma vida

A doação de medula óssea é frequentemente citada na mídia, fato que permitiu enorme divulgação da importância desse ato solidário. Se você, goza de boa saúde e tem a alegria e a felicidade de viver plenamente seu dia-a-dia, poderia, quem sabe?, dividir um pouco dessa ventura com quem dela não desfruta.


Passo a passo para se tornar um doador

- Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, e se recompõe em apenas 15 dias.

- Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.

- Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante.

- Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.

- Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de UMA EM CEM MIL!

- Por isso, são organizados Registros de Doadores Voluntários de Medula Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.

- Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.

- A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo.

- É muito importante que sejam mantidos atualizados os dados cadastrais para facilitar e agilizar a chamada do doador no momento exato. Para atualizar o cadastro, basta preencher este formulário.

Caso você decida doar

1. Você precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e estar em bom estado geral de saúde (não ter doença infecciosa ou incapacitante).

2. Onde e quando doar
É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos Hemocentros nos estados. No Rio de Janeiro, além do Hemorio, o INCA também faz a coleta de sangue e o cadastramento de doadores voluntários de medula óssea de segunda a sexta-feira, de 7h30 às 14h30, e aos sábados, de 8h às 12h. Não é necessário agendamento. Para mais informações, ligue para (21) 2506-6064.

3. Como é feita a doação
Será retirada por sua veia uma pequena quantidade de sangue (5ml) e preenchida uma ficha com informações pessoais.

Seu sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), que é um teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro.

Seus dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se você for compatível com algum paciente, outros exames de sangue serão necessários.

Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para confirmar que deseja realizar a doação. Seu atual estado de saúde será avaliado.

A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.

O Mito da Abelha Rainha: As mulheres são mesmo chefes ruins?


Preconceito às avessas

Chefes do sexo feminino têm uma reputação de não serem muito agradáveis.

Algumas apresentam o que é chamado de comportamento de abelha rainha, distanciando-se das outras mulheres e se recusando a ajudar outras mulheres à medida que sobem na hierarquia.

Agora, um novo estudo, que será publicado na próxima edição da revistaPsychological Science, concluiu que esse comportamento de fato existe.

Contudo, segundo as cientistas, é errado culpar a mulher por este comportamento: a verdadeira culpa caberia ao ambiente machista das empresas.

Sexismo

Belle Derks e suas colegas da Universidade de Leiden, na Holanda, fizeram uma série de pesquisas sobre como as pessoas respondem ao sexismo.

A partir de suas próprias observações de mulheres no local de trabalho, elas acreditam que as mulheres são frequentemente avaliadas por um padrão diferente daquele dos homens: comportamentos que seriam vistos de forma positiva nos homens, como a competitividade, são vistos negativamente quando as mulheres os adotam.

As pesquisadoras queriam verificar se o comportamento de abelha rainha - negar que a discriminação de gênero seja um problema, por exemplo - pode ser uma resposta às dificuldades de um ambiente dominado pelos homens.

Identidade de gênero

Elas aplicaram um questionário para 63 profissionais seniores nos departamentos de polícia em três cidades holandesas.

Uma das primeiras perguntas versava sobre a importância de sua identidade de gênero no trabalho. Por exemplo, foi-lhes perguntado o quanto elas se identificavam com outras mulheres na força policial.

Metade das participantes foi orientada a escrever sobre um exemplo de uma situação em que elas entendiam que ser mulher era prejudicial para elas no trabalho, elas eram discriminadas, ou ouviram outras pessoas falando negativamente sobre as mulheres.

A outra metade foi orientada a escrever sobre uma situação em que seu sexo não representou problema e que elas foram avaliadas por suas habilidades pessoais.

Então as mulheres foram questionados sobre seu estilo de liderança, quão diferentes elas se sentiam de outras mulheres, e se sentiam que o preconceito de gênero era um problema no seu trabalho.

Comportamento de abelha rainha

As respostas dependeram da força da identidade de gênero de cada uma no trabalho, ou seja, da resposta àquela primeira pergunta.

Aquelas que começaram dizendo que se identificavam pouco com outras mulheres no trabalho responderam como uma autêntica abelha rainha - que possuíam um estilo masculino de liderança, que eram muito diferentes das outras mulheres e que o preconceito de gênero não era um problema.

Aquelas que se identificaram fortemente com seu gênero no trabalho tiveram a resposta oposta - que se preocupavam com o preconceito de gênero e que se sentiam motivadas a ajudar outras mulheres em suas carreiras.

Mulheres no topo

O fato de que apenas algumas mulheres adotam o comportamento de abelha rainha, e somente depois de terem sido induzidas a pensar sobre o preconceito de gênero, sugere que, para as organizações que querem mais mulheres no topo, simplesmente colocar as mulheres em posições mais altas e esperar que elas sirvam como mentoras de carreira para outras mulheres não vai funcionar.

"Se você simplesmente colocar mulheres em posições mais altas sem fazer nada sobre o preconceito de gênero na organização, estas mulheres serão forçadas a se distanciar do seu grupo," afirma Derks.

Elas poderão negar a existência do preconceito de gênero ou evitar ajudar as mulheres abaixo delas na hierarquia.

As pesquisadores concluem ponderando o que seria de se esperar de uma chefe que precisa analisar as oportunidades para todo o grupo: "Algumas mulheres vão escolher outras mulheres. Mas por que elas deveriam escolher dentre seu próprio grupo? Os homens não precisam fazer isso," diz Derks.


Disponível em:
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...