Solidão na Multidão
O estudo “Sexo, Casamento e Economia”, da Fundação Getúlio Vargas, analisou a relação entre casamento e economia separando padrões de mulheres e homens. A pesquisa partiu da premissa que, entre as principais variáveis demográficas, como fecundidade e mortalidade, o casamento é a que apresenta maior relação com as flutuações econômicas, pois é a mais dependente da escolha e menos da fisiologia. A questão perseguida é como variáveis econômicas afetam o fato de uma pessoa estar acompanhada ou sozinha, no sentido conjugal.
Segundo a pesquisa, para as mulheres, Rio de Janeiro e Brasília são as capitais da solidão. Os dois centros também apresentam um nível de renda e educação relativamente alto frente ao resto do país. Na comparação do topo do ranking, as capitais apresentam níveis maiores de solidão do que o dos estados: nas capitais, 45,4% das mulheres estão sozinhas contra 25,6% das mulheres adultas da área rural. Os dados são sinais da influência de dois determinantes fundamentais da solidão conjugal: metropolização e renda.
Brasília tem 44,32% de sua população feminina vivendo sozinha. No Rio, o número sobe para 47,39%. Na capital fluminense, o bairro Copacabana é a região analisada que apresenta maior porcentagem de mulheres sozinhas (64%). Outra cidade com índice similar de mulheres sozinhas é São Paulo, com 44,19%. A solidão conjugal é mais presente entre mulheres com melhor situação sócio-econômica. Mulheres sozinhas ganham em média 62% a mais que as acompanhadas.
De modo geral, os comportamentos conjugais são bastante distintos entre homens e mulheres: elas atingem maiores taxas de solidão em idades mais avançadas, enquanto ele são mais sozinhos na juventude. A partir dos 35 anos de idade, a diferença entre as taxas de solidão de mulheres e homens cresce – cerca de 1 ponto percentual a cada ano até a terceira idade. Entre as pessoas com mais de 60 anos, a taxa de solidão entre as mulheres chega a 2,6 vezes a dos homens.
Eslanny Alvarenga
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