WikiLeaks. Há pouco mais de quatro anos era uma palavra, melhor, um site que não fazia parte do cenário global, entretanto desde sua inserção nos domínios on-line (2006) gerou curiosidades, receios e controvérsias.
A WikiLeaks é uma organização fundada supostamente por um grupo de dissidentes chineses, jornalistas, matemáticos, tecnólogos de empresas start-up, intelectuais, ativistas e programadores. Um dos personagens desse grupo que ganhou destaque foi o australiano e ciberativista Julian Assange, que vazou cerca de 92 mil documentos secretos do exército dos Estados Unidos. Ele e outros colaboradores divulgam em sites na Internet um compêndio de informações e documentos confidenciais de governos e empresas.
Entre alguns documentos encontrados no site chama atenção documentos sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Guerra do Afeganistão e na Guerra do Iraque pelo exército dos Estados Unidos, a cópia de um manual de instruções para tratamento de prisioneiros na prisão militar norte-americana de Guantánamo em Cuba, um relatório da Comissão Nacional Queniana de Direitos Humanos sobre a política de extermínio no Quênia e análises americanas sobre o Brasil além do vídeo Collateral Murder que mostrava civis iraquianos sendo mortos durante um ataque aéreo das forças militares dos Estados Unidos. Recentecemente uma curiosa notícia para o governo brasileiro afirma que o presidente francês Sarkozy usa sua esposa Carla Bruni para fortalecer a relação entre França e Brasil.
Divulgar sapiências tidas como confidenciais gera diversas discussões, uma das problemáticas que promove é trazer à tona a reflexão acerca da liberdade de informação e a subversão moral pelo “roubo” de tais informações, outra é o possível mal estar global diante das intimidades políticas expostas e o medo da queda de bastilhas.
Julian Assange estava listado pela Interpol como um dos homens mais procurados, mas foi sob a acusação de abuso sexual (recusa em usar camisinha na Suécia é tido como abuso sexual) que Assange foi preso no dia 7 de dezembro de 2010, sendo que uma das vítimas da violência é uma cubana com ligações com a CIA. Essa urgência em capturar Assange deixa bastante evidente a preocupação de diversos países em ter exposto seus bastidores.
Como troco pela prisão de Assange participantes do site Anononymous, às pressas organizaram a Operação Payback, em que realizaram ataques a sites que findaram relações e apoio ao site Wikileaks. Entre os sites atacados estão o do banco suíço PostFinance, o da MasterCard, Visa, Amazon, o de Sarah Paulin e o PayPal. Realmente a Internet esta mudando a maneira de se guerrear! Governos, jornalistas, o Vaticano, ativistas e intelectuais se manifestaram, e tudo isso sem sangue, sem bombas atômicas e com eficácia.
A revolução francesa trouxe como lema Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Onde estão tais valores nas sociedades contemporâneas?
Julian Assange e Wikileaks trouxeram para o cenário mundial de notícias todo um emaranhando de sujeira de alguns governos e agora são perseguidos por divulgarem essas informações e até mesmo usuários e ativistas do Wikileaks tiveram suas contas no Twitter e Facebook excluidas.
Apesar de carecer de alguns valores morais e força de vontade, felizmente há bastante pessoas que batalham pela divulgação de informações e se utilizam de meios (nem sempre tidos como legais) para satisfatoriamente se defenderem. Dizem algumas línguas da mídia de uma possível indicação de Julian Assange ser indicado ao prêmio Nobel da Paz. Será que as grandes potências além de intimidarem Julian conseguirão também sufocar essa possível indicação?
Retirado do Paperblog (http://pt-br.paperblog.com/julian-assange-por-que-o-mundo-precisa-do-wikileaks-44163/) abaixo se encontra uma entrevista de Julian Assange a Chris Anderson.
Chris Anderson: Bem vindo, Julian. Foi divulgado que o WikiLeaks, seu bebê, divulgou... nos últimos anos divulgou mais documentos sigilosos do que o resto de toda a mídia do mundo junta. Isso pode ser verdade?
Julian Assange: É, isso pode ser verdade? É uma preocupação, não é? Que o resto da mídia do mundo esteja fazendo um trabalho tão ruim que um grupinho de ativistas consegue publicar mais informações desse tipo do que o resto da imprensa mundial junta.
CA: Como isso funciona? Como as pessoas divulgam os documentos? E como você garante a privacidade delas?
JA: Acontece que eles são, ao que sabemos, informantes clássicos. E temos uma variedade de maneiras para que eles possam fornecer informações para nós. Então usamos criptografia de última geração para fazer as coisas pularem pela internet, para esconder as trilhas, fazer que elas atravessem as jurisdições legais como a Suécia e a Bélgica para legalizar essas proteções legais. Recebemos informações por correio, o correio normal, codificado ou não, analisamos como uma organização de notícias normal, formatamos, o que as vezes é muito difícil de fazer, quando se fala sobre gigantescos bancos de dados de informações, divulgamos isso para o público e então nos defendemos contra os inevitáveis ataques políticos e legais.
CA: Então vocês se esforçam para garantir que os documentos são legítimos. Mas vocês realmente quase nunca sabem quem é a identidade da fonte.
JA: É isso, sim. É muito raro sabermos. E se descobrirmos em algum momento então nós destruímos essa informação o quanto antes (telefone toca) Que droga. (Risos)
CA: Acho que é a CIA perguntando qual é o código para ser um membro do TED. (Risos)
Vamos ver um exemplo, de fato. Isso é algo que foi vazado alguns anos atrás. Se nós pudermos mostrar esse documento... Essa é uma história no Quênia há alguns anos. Você pode nos contar o que você vazou e o que aconteceu?
JA: Esse é o Relatório Kroll. Era um relatório de inteligência secreto encomendado pelo governo do Quênia após a sua eleição em 2004. Antes de 2004, o Quênia era governado por Daniel arap Moi por uns 18 anos. Ele era um ditador moderado do Quênia e quando Kibaki chegou ao poder, através de uma coligação de forças que tentavam acabar com a corrupção no Quênia, eles pagaram esse relatório, gastaram mais ou menos 2 milhões de libras nisso e em um outro relatório. E então o governo o engavetou e usou isso para negociação política com Moi, que era o homem mais rico, e ainda é o homem mais rico, do Quênia.
Esse é o Santo Graal do jornalismo queniano. Então eu fui até lá em 2007, e consegui ter acesso a isso pouco antes da eleição, a eleição nacional em 28 de dezembro. Quando lançamos esse relatório, o fizemos 3 dias depois que o novo presidente, Kibaki, tinha decidido se unir com o homem que ele deveria tirar do poder, Daniel arap Moi. Esse relatório então se tornou um albatroz morto no pescoço do presidente Kibaki.
CA: E, quero dizer, para encurtar uma longa história, a notícia de que o relatório vazou chegou no Quênia não pela mídia oficial, mas indiretamente. E, na sua opinião, isso mudou os rumos da eleição.
JA: Sim. Isso foi a primeira página do Guardian e foi impresso em todos os países ao redor do Quênia na imprensa da Tanzânia e da África do Sul.
Ex-presidente do Quênia, Daniel Arap Moi [Juda Ngwenya/Reuters]
E aí, entrou no país vindo de fora. E isso, depois de alguns dias, fez com que a mídia do Quênia se sentisse livre para comentar a respeito. E passou por 20 noites direto na TV queniana, mudou as intenções de voto em 10 por cento, de acordo com um relatório de inteligência do Quênia, isso mudou o resultado da eleição.
CA: Puxa, então o seu vazamento mudou substancialmente o mundo?
JA: Sim. (Aplausos)
CA: Agora, nós vamos mostrar um pequeno trecho de um vídeo de um ataque aéreo a Bagdá. O video é mais longo. Mas aqui vai um pequeno trecho. Esse é, esse é um material intenso, devo avisá-los.
Radio:... de sacanagem, quando você os pegar apenas abra-os. Eu vejo seu elemento, uh, tem uns 4 Humvees, uh junto... Você está liberado. Certo. Atirando. Me avise quando você os pegar. Vamos atirar. Explodam eles. Vamos, fogo! (metralhadoras atirando) Continue atirando, continue atirando. (metralhadoras atirando) Continue atirando. Hotel ...Bushmaster 2-6, Bushmaster 2-6, temos que sair, comece a contar! Certo, nós confrontamos todos os oito indivíduos. Sim, nós vemos dois passaros [helicópteros], e ainda estamos atirando. Entendido. Eu peguei eles. 2-6, aqui é o 2-6, estamos móveis. Ops, Desculpe, O que está havendo? Droga, Kyle. Certo, hahahaha. Eu acertei eles.
CA: E qual foi o impacto disso?
JA: O impacto sobre as pessoas que trabalharam nisso foi severo. Acabamos mandando duas pessoas a Bagdá para pesquisar mais essa história. Esse é apenas o primeiro de três ataques que aconteceram naquela cena.
CA: Então, quer dizer, 11 pessoas morreram nesse ataque, certo, incluindo dois funcionários da Reuters?
JA: Isso. Dois funcionários da Reuters, duas crianças foram feridas. Houve algo entre 18 e 26 pessoas mortas no total.
CA: E divulgar isso causou revolta generalizada. Qual foi o elemento chave disso que causou a revolta, o que você acha?
JA: Eu não sei. Acho que as pessoas puderam ver a enorme disparidade de forças. Você vê homens andando nas ruas relaxados, e então um helicóptero Apache aparece em uma esquina disparando balas de canhão de 30 milímetros em todo mundo, procurando qualquer desculpa para fazer isso, e matando as pessoas que estão resgatando os feridos. E esses dois jornalistas envolvidos, que claramente não eram insurgentes, porque esse era o trabalho deles em tempo integral.
CA: Quero dizer, um analista de inteligência americano, Bradley Manning, foi preso. E supostamente ele confessou numa sala de chat que enviou esse video para você, junto com 280.000 telegramas sigilosos da embaixada americana. Quer dizer, será que ele mandou?
JA: Bem, nós negamos ter recebido esses telegramas. Ele foi indiciado, uns cinco dias atrás, por ter obtido 150.000 telegramas e divulgar 50. Agora, nós publicamos no início do ano um telegrama da embaixada americana em Reykjavik mas que não era necessariamente conectado a esses. Quero dizer, eu era um visitante conhecido daquela embaixada.
CA: Bem, se você recebeu milhares de telegramas diplomáticos da embaixada americana...
JA: Nós os teríamos liberado. (CA: Teriam?)
JA: Sim. (CA: Porque?)
JA: Bem, porque esse tipo de coisa revela o estado real de, digamos, como são governos árabes, os reais abusos de direitos humanos nesses governos. Se você olhar os telegramas não confidenciais, é o tipo de material que está lá.
CA: Então vamos falar um pouco mais sobre isso. Em geral, qual é a sua filosofia? Por que é correto encorajar o vazamento de informações secretas?
JA: Bem, há a questão sobre que tipo de informação é importante para o mundo, que tipo de informação pode gerar uma reforma. E há muita informação. Então as informações que organizações estão fazendo um esforço econômico para esconder, isso é um bom sinal de que quando essa informação estiver disponível, há uma esperança dela fazer algo bom. Porque as organizações que sabem das coisas, que conhecem tudo de dentro para fora, estão tendo trabalho para esconder. E isso é o que descobrimos com a prática. E essa é a história do jornalismo.
CA: Mas há riscos nisso, tanto para os individuos envolvidos ou até para a sociedade toda, em que vazar pode ter uma consequência não intencional?
JA: Não observamos isso com coisa alguma que tenhamos divulgado. Nós temos uma política de imunização a danos. Nós temos uma maneira de lidar com informações que tenham alguma coisa de pessoal, identificando pessoalmente a informação ali. Mas há segredos legítimos, você sabe, seus registros com seu médico, esse é um segredo legítimo. Mas nós lidamos com informantes que estão se apresentando realmente bem motivados.
CA: Então eles estão bem motivados. E o que você falaria, por exemplo, aos pais de alguém, cujo filho está servindo o exército americano no exterior, e ele diz, "Sabe de uma coisa, você publicou algo que alguém tinha um incentivo para liberar. E mostra um soldado americano rindo de pessoas morrendo. Isso dá a impressão, deu a impressão a milhões de pessoas no mundo todo de que os soldados americanos são desumanos. Na verdade, eles não são. Meu filho não é. Como você ousa insinuar isso?" O que você falaria para eles?
JA: É, nós recebemos um monte disso. Mas lembre-se, as pessoas em Bagdá, as pessoas no Iraque, as pessoas no Afeganistão, eles não precisam ver o vídeo; eles vêem isso todos os dias. Então isso não vai mudar a opinião deles. Não vai mudar a percepção deles. É isso que eles vêem todos os dias. Isso vai mudar a percepção e opinião daqueles que estão pagando por tudo isso. E essa é a nossa esperança.
CA: Então você achou uma maneira de jogar uma luz no que você vê como sendo esse tipo de segredos macabros das empresas e governos. A luz é boa. Mas você nota a ironia no fato de que para você jogar essa luz, você mesmo tem que, criar um segredo ao redor das suas fontes?
JA: Não. Quero dizer, nós não temos nenhum dissidente da WikiLeaks ainda. Nós não temos fontes que são dissidentes de outras fontes. Caso eles apareçam, isso seria uma situação difícil para nós. Mas presumimos que agindo dessa maneira as pessoas sentem-se moralmente obrigadas a continuar a nossa missão, a não ferrar com tudo.
CA: Eu estaria interessado, apenas pelo que ouvi até agora, queria saber a opinião da audiência do TED. Você sabe, deve haver alguns pontos de vista sobre o Wikileaks e sobre o Julian. Vocês sabem, o herói, o herói do povo, trazendo essa luz importante. O encrenqueiro perigoso. Quem tem a visão do herói? (quase todos levantam as mãos) E quem tem a visão do encrenqueiro perigoso? (ninguém ergue a mão)
JA: Ah, por favor. Deve ter algum.
CA: É um público moderado, Julian, um público moderado. Temos que tentar melhorar. Vamos dar a eles um outro exemplo. Aqui está uma coisa que vocês ainda não vazaram, mas eu acho que no TED poderiamos considerar que o fariam. É uma história intrigante que acabou de acontecer, certo? O que é?
JA: Então essa é uma amostra do que fazemos todos os dias. No final do ano passado - em novembro do ano passado - houve uma série de explosões de poços na Albânia como o poço que explodiu no Golfo do México, mas não tão grande.
E nós recebemos um relatório, um tipo de análise de engenharia do que havia acontecido, afirmando que, de fato, os seguranças de algum concorrente, várias empresas de petróleo competindo haviam, de fato, estacionado caminhonetes lá e as explodido. E parte do governo da Albânia estava envolvido, etc, etc.
E o relatório de engenharia não tinha nada sobre isso. Então foi um documento extremamente difícil para nós. Nós não conseguíamos verificar porque nós não sabíamos quem escreveu isso e sabíamos qual era o propósito disso. Então ficamos meio céticos que talvez fosse uma empresa de petróleo concorrente que estava trazendo isso a tona. Baseados nisso, nós publicamos e dissemos, "Olhem, nós estamos céticos a respeito disso. Nós não sabemos, mas o que podemos fazer? O material parece bom, parece certo, mas nós não conseguimos verificá-lo" E recebemos uma carta essa semana da empresa que o escreveu, querendo rastrear a fonte, (risos) dizendo, "Ei, nós queremos rastrear a fonte." E nós respondemos, "Conte-nos mais. A que documento, precisamente, você está se referindo? Você pode nos provar que tem alguma autoridade legal sobre esse documento? É realmente seu?" Então eles enviaram uma captura de tela com o autor na identificação do Microsoft Word. É. (Aplausos) Isso acontece bastante. Esse é um dos nossos métodos de identificar, ou verificar o que é aquele material, é tentar fazer com que esses caras escrevam cartas.
CA: Você teve informação de dentro da BP?
JA: Sim, nós temos muitas, mas quero dizer, no momento, nós estamos fazendo uma captação de recursos e esforços de engenharia. E a nossa taxa de publicação nos últimos meses foi reduzida enquanto nós reconstruímos os nossos sistemas para o interesse público fenomenal que nós temos. Isso é um problema Quero dizer, como qualquer tipo de organização nova em crescimento, nós estamos surpresos com o nosso crescimento. E isso significa que estamos recebendo uma quantidade enorme de revelações de informantes de calibre bem alto, mas nós não temos pessoal suficiente para processar e cuidar dessa informação.
CA: Então esse é o principal gargalo, jornalistas voluntários e/ou o financiamento de salários dos jornalistas?
JA: Sim, e pessoas confiáveis. Nós somos uma organização que dificilmente vai crescer rapidamente por causa do tipo de material que lidamos. Então temos que reestruturar para ter pessoas que vão lidar com questões da mais alta segurança nacional, e também casos de segurança mais baixa.
CA: Então ajude-nos a entender sobre você pessoalmente e como chegou a fazer isso. E acho que li que, quando era criança você estudou em 37 escolas diferentes. Será que isso está certo?
JA: Bem, meus pais trabalhavam no negócio de cinema e depois em um culto, então combinando os dois... (Risos)
CA: Um psicólogo poderia dizer que essa é a receita para criar a paranóia.
JA: O quê? O negócio de cinema? (Risos) (Aplausos)
CA: E você era também, quero dizer, você era um hacker desde jovem e teve problemas com as autoridades logo cedo.
JA: Bem, eu era um jornalista. Sabe como é, eu era um jornalista ativista bem jovem. E escrevi uma revista, que foi processada por isso quando eu era um adolescente. Então você tem que tomar cuidado com hacker. Quero dizer, há um método que pode ser feito para várias coisas. Infelizmente, naquele momento, era mais usado pela máfia Russa para roubar a conta do banco da sua avó. Então essa frase não é, tão legal quanto era antigamente.
CA: É, bem, eu realmente não acho que você estava roubando a conta de banco da avó de ninguém. Mas e sobre os seus valores? Você pode nos dar uma ideia do que eles são e talvez algum acontecimento na sua vida que ajudou a determinar esses valores?
JA: Não tenho certeza sobre o acontecimento. Mas os valores principais são: homens capazes e generosos não criam vítimas, eles cuidam das vítimas. E isso era algo do meu pai e de outros homens capazes e generosos que participaram da minha vida
CA: Homens capazes e generosos não criam vítimas. Eles cuidam delas?
JA: E, você sabe, eu sou uma pessoa combativa, então eu não sou muito bom com essa parte de cuidar. Mas de alguma forma, há outra maneira de cuidar das vítimas, que é vigiar os autores do crime. E isso é algo que está no meu caráter há bastante tempo.
CA: Então conte-nos, rapidamente nesse último minuto, a história: O que houve na Islândia? Você basicamente publicou algo lá, teve problemas com um banco, depois uma empresa de notícias de lá recebeu uma punição por ter publicado a história. Ao invés, eles divulgaram o seu lado da história. Isso fez você ser muito conhecido na Islândia. O que aconteceu depois?
JA: Esse é um grande caso. A Islândia passou por essa grande crise financeira. Foi o país mais afetado de todo o mundo. Seu setor financeiro correspondia a 10 vezes o PIB do resto da economia. Então, nós lançamos esse relatório em Julho do ano passado. E a TV nacional foi proibida de veicular cinco minutos antes de ir ao ar. Como se tivesse saído de um filme, a ordem foi colocada na mesa, e o apresentador falava "Isso nunca aconteceu antes. O que faremos?" Bem, vamos apenas mostrar o site então para preencher todo aquele tempo. E nós nos tornamos muito famosos na Islândia, fomos à Islândia e falamos sobre esse assunto. E havia um sentimento na comunidade que isso nunca deveria acontecer novamente. E como resultado disso, trabalhando com alguns políticos islandeses e alguns especialistas em direito internacional, nós montamos um tipo de pacote legal para a Islândia se tornar um paraíso para a imprensa livre, com as maiores proteções jornalísticas do mundo, com um novo prêmio Nobel para liberdade de expressão. A Islândia é um país nórdico então, como a Noruega, é capaz de mexer no sistema. E há apenas um mês, isso foi aprovado por unanimidade pelo parlamento islandês
CA: Uau. (Aplausos)
Última pergunta, Julian. Quando você pensa sobre o futuro, você acha que será mais como o "Big Brother" exercendo mais controle, com mais segredos ou nós observando o "Big Brother", ou tudo isso acontecerá, nos dois sentidos?
JA: Eu não estou certo de como será. Há pressões enormes para harmonizar a legislação da liberdade de expressão e a legislação da transparência ao redor do mundo, dentro da União Européia, entre a China e os EUA. Qual caminho vai tomar? É difícil ver. É por isso que hoje é um bom momento para se viver. Porque com apenas um pouco de esforço nós podemos mudar de um jeito ou de outro.
CA: Bem, parece que eu estou refletindo a opinião do público ao dizer, Julian, tenha cuidado e desejo todo poder para você.
JA: Obrigado, Chris
CA: Obrigado.
por Ana Cláudia Rocha
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