27 de nov. de 2010

(Des) Igualdade



Égalité, será mesmo que tu existes? É difícil responder tal questionamento. Diante a Constituição Brasileira somos sim, todos iguais perante a lei, Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza - todavia, não se nota exata verossimilhança nessa afirmação.

(Leia Artigo 5º da Constituição Federal: http://www.culturabrasil.pro.br/artigo5.htm)

Grande parte das sociedades prega a igualdade dos povos, a liberdade religiosa, política e filosófica, além da inibição de atos de racismo ou de qualquer ação que maltrate a integridade do outro. Tal pregação é linda, perfeita, mas ainda utópica, em vista de que mal conseguimos aceitar completamente o perfil de nossos filhos, vizinhos, amigos de sala ou trabalho, quanto mais daqueles que nos são desconhecidos.

Além da problemática que cerca a concepção de igualdade há ainda outro ponto potencializador do enfrentamento: a intolerância.

A intolerância, em sua concepção histórica predominante relaciona-se com o dilema de convivência das crenças (religiosas, políticas), pois cada crença julga carregar consigo uma verdade e é bastante complicado resolver essa questão ideológica, uma vez que será inaceitável acreditar em duas crenças opostas. Em outra concepção intolerância faz referência a diversidade originada por disparidades físicas e sociais (celeuma da convivência harmoniosa com os ditos grupos minoritários – homossexuais, etnias, deficientes) que promove normalmente preconceito e discriminação devido, em geral, a uma questão de costume, autoridade e tradição.

Conviver com aquilo que nos é diferente nunca foi fácil, nem será, mas é possível. É uma questão de convivência. Cada ser abriga uma individualidade própria, com pensamentos, caráter, cultura, idéias, anseios e planos que são seus; tais características podem ser parecidas com os objetivos do outro, parecidas apenas, não idênticas.

A individualidade humana deve ser respeitada, do contrário, uma vasta onda de conflitos ocorre. Passamos por atrocidades e genocídios no passado – gregos, romanos, sumérios, nazismo, 1º e 2º Guerras Mundiais, hutus e tutsis – e continuamos a presenciá-las – Irã x Iraque x USA x Afeganistão e tantas outras.

O próprio Brasil, país de povo acolhedor e abençoado pelo Cristo Redentor é cenário de episódios de desigualdades, desrespeito e intolerância.

É preciso ressaltar que o Brasil mantém-se como um dos países com distribuição de renda mais desigual. Atualmente, o país, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) tem o terceiro pior índice de distribuição de renda. O acesso as universidades públicas é conquistado, geralmente, por estudantes advindos de boas escolas particulares, enquanto alunos de renda inferior estão fadados a estudarem nas escolas públicas, em que a grande maioria é de inferior qualidade educacional e raramente conquista o acesso ao ensino superior público.

O país canarinho é palco de situações em que uma estudante de direito, conhecedora das leis e da necessidade destas serem cumpridas, faz referências negativas aos nordestinos, gerando mal estar, polêmica e revolta. E outra universitária, via e-mail, discorre comentários maldosos que fazem referência a raça, fenótipo e modo de vestir de uma colega de classe.

Um episódio entristecedor ainda permanece na memória de algumas pessoas: o de quando um grupo de jovens de classe média alta, por brincadeira e intolerância, incendiou o índio pataxó Galdino de Jesus por julgarem que este era um mendigo.

Há uma urgente necessidade de mudar o cenário global no que tange a igualdade. Igualdade de tratamento, direitos, deveres, econômica e social.

Somos diferentes e semelhantes simultaneamente. Diferentes nas cores, raças, sexo, idade, popularidade, modo de ser e agir. Iguais no direito à liberdade, à igualdade, à escolha e ao respeito.

Cada ser enxerga o mundo com sua lente, aquilo que a princípio é estranho não deve ser combatido ou considerado anormal e feio, deve ser entendido e por mais que gere incômodo deve respeitado, tolerado.

A mitologia grega nos incitou a crer que para Narciso tudo aquilo que não refletia sua imagem era feio. Assim somos nós hoje: vaidosos, mesquinhos, perfeitos aos nossos olhos, e altamente críticos nos julgamentos alheios.

É necessário entender que somos únicos, todos nós. Igualmente merecemos respeito. Não importa se o outro é judeu, africano, nordestino, iraniano, norte-americano ou europeu. Somos todos gente, homens em busca de paz e felicidade. Não há princesa, plebeu, negro ou asiático, há seres humanos, iguais, em carne, ossos e direitos.

A igualdade se faz imprescindível desde muito, e agora mais do que nunca.

Por Ana Cláudia S. Rocha

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